quinta-feira, 15 de março de 2012

Planos de Deus e vontade humana


Uma das coisas mais comuns de acontecer na fé cristã é a confusão entre a vontade de Deus e a vontade humana, achar que é Deus quem está falando quando na verdade é a minha vontade pessoal. Em alguns casos, as pessoas enfrentam certa dificuldade em lhe dar com essa tensão e equívoco, por isso segue uma breve reflexão para entendermos o que a Bíblia fala sobre o assunto através da vida do apóstolo Paulo.

Vamos olhar três experiências de Paulo:

1ª experiência de Paulo
Assim, as igrejas eram fortalecidas na fé e, dia a dia, aumentavam em número.
E, percorrendo a região frígio-gálata, tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra na Ásia, defrontando Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu.
E, tendo contornado Mísia, desceram a Trôade.
À noite, sobreveio a Paulo uma visão na qual um varão macedônio estava em pé e lhe rogava, dizendo: Passa à Macedônia e ajuda-nos.
Assim que teve a visão, imediatamente, procuramos partir para aquele destino, concluindo que Deus nos havia chamado para lhes anunciar o evangelho.  Atos 16:5-10
 2ª experiência de Paulo
Porque não ousarei discorrer sobre coisa alguma, senão sobre aquelas que Cristo fez por meu intermédio, para conduzir os gentios à obediência, por palavra e por obras, por força de sinais e prodígios, pelo poder do Espírito Santo; de maneira que, desde Jerusalém e circunvizinhanças até ao Ilírico, tenho divulgado o evangelho de Cristo, esforçando-me, deste modo, por pregar o evangelho, não onde Cristo já fora anunciado, para não edificar sobre fundamento alheio; antes, como está escrito: Hão de vê-lo aqueles que não tiveram notícia dele, e compreendê-lo os que nada tinham ouvido a seu respeito.
Essa foi a razão por que também, muitas vezes, me senti impedido de visitar-vos.
Mas, agora, não tendo já campo de atividade nestas regiões e desejando há muito visitar-vos, penso em fazê-lo quando em viagem para a Espanha, pois espero que, de passagem, estarei convosco e que para lá seja por vós encaminhado, depois de haver primeiro desfrutado um pouco a vossa companhia. Romanos 15:18-24
3ª experiência de Paulo
Ora, nós, irmãos, orfanados, por breve tempo, de vossa presença, não, porém, do coração, com tanto mais empenho diligenciamos, com grande desejo, ir ver-vos pessoalmente.
Por isso, quisemos ir até vós ( pelo menos eu, Paulo, não somente uma vez, mas duas ); contudo, Satanás nos barrou o caminho.
Pois quem é a nossa esperança, ou alegria, ou coroa em que exultamos, na presença de nosso Senhor Jesus em sua vinda? Não sois vós?
Sim, vós sois realmente a nossa glória e a nossa alegria! I Ts 2:17-20 (Paulo, Silvano e Timóteo escreveram a carta)
As três experiências de Paulo citadas acima mostram como muitas vezes as nossas vontades, por mais nobres que sejam, e ainda que sejam para promover o reino de Deus, não serão realizadas.

Talvez isso seja óbvio pra você! Ou talvez seja difícil de entender, mas como pode ser assim, eu estou querendo promover o reino de Deus, servir a Deus... e ainda assim as coisas não ocorrem como eu quero? 

Ou então, você pode se perguntar, eu tinha certeza que era a vontade de Deus, por que deu errado?

Vamos entender o que estava acontecendo com Paulo.
O apóstolo estava dedicando a sua vida pra pregar o evangelho de Jesus e fazer discípulos em lugares que ainda não haviam sido evangelizados. Ele viajava bastante, pregava, discipulava os convertidos e organizava as novas igrejas. Ele nunca fazia isso sozinho, as vezes ele contava com ajuda financeira para realizar essa missão, outras ele tinha que trabalhar construindo tendas para se sustentar. Em alguns lugares ele ficava meses e em outros anos. Em alguns lugares ele era bem aceito e em outros era expulso das cidades. Havia momentos em que Deus operava grandes sinais e maravilhas através de Paulo, haviam outros que Paulo era preso, açoitado e apedrejado.

O apóstolo havia compreendido que sua vida pertencia integralmente a Deus, ou seja, tudo o que ele tinha oportunidade de fazer era para glorificar a Deus, seja através dos momentos bons ou ruins que ele passava. Isso não quer dizer que ele era passivo diante da vida, muito pelo contrário, mas que o apóstolo tinha um bom conhecimento de que Deus era quem sustentava e movia a sua vida, e de forma misteriosa, ainda que não entendesse, até mesmo nas experiências de sofrimento e frustração que o acometiam, ele percebia que Deus não havia perdido o governo, muito menos o interesse por ele, e que de alguma forma, ainda que ele não conseguia entender, tudo estava colaborando para a promoção e avanço do reino de Deus. Em certa ocasião, Paulo diz que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Rm 8:28” E mais pra frente ele diz que esse propósito é fazer-nos parecido com Jesus.

Outra coisa que Paulo havia compreendido era que os planos de Deus são mais elevados que a sua vontade, ele deveria estar atendo e aberto para conhecer e aceitar esse “plano superior”, ou, mais completo, ainda que isso lhe custasse abrir mão de sua vontade. Veja mais uma fala de Paulo a respeito disso: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Rm 12:2” Isso nos dá uma pista importante, Paulo percebeu que a vontade dele era inconstante e condicionada a uma temporalidade e ocasionalidade que o cegava ou distorcia sua mente/compreensão. Veja outra recomendação de Paulo: “buscai as coisas lá do alto... Pensai nas coisas lá do alto. Cl 3:1-2” O que Paulo está dizendo e que a nossa forma de enxergar o mundo deve ser encharcada pela consciência do reino cósmico de Deus e seus propósitos, pois quem governa e sustenta a vida não é o acaso, mas o próprio Deus. E que não existe forma melhor de viver do que seguir as instruções do próprio Autor da vida.

Mas uma pergunta continua no ar. De onde Paulo tirou essas idéias?
Primeiramente precisamos lembrar que ele era judeu, em seguida fariseu e perseguidor de Jesus, e que por fim ele se tronou cristão. Como essas informações podem nos ajudar?

Como judeu Paulo pertencia ao povo da Aliança com Deus, a única nação na face da terra monoteísta até o início do primeiro século. Ele conhecia os livros da lei, a história de como Deus se revelara e participara da história de Israel e as advertências dos profetas. Vejamos algumas dessas passagens:
O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do SENHOR. Todos os caminhos do homem são puros aos seus olhos, mas o SENHOR pesa o espírito... O coração do homem traça o seu caminho, mas o SENHOR lhe dirige os passos. Pv 16:1-2,9 (um livro de sabedoria, ano 900 a.C.)
Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos. Is 55:8-9 (um livro profético de Isaías, ano 700 a.C.)
Veja como Paulo aplicou essa verdade: Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos!
Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro?
Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído?
Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém! Rm 11:33-36
Como fariseu, Paulo se aplicara ao estudo das Escrituras e a observação da mesma. O zelo pela Palavra de Deus se apoderara do apóstolo. Entretanto, o grupo religioso ao qual Paulo pertencia começou a se perder, o conhecimento das Escrituras começou a se tornar um subterfúgio para subjugar o seu próprio povo. Jesus confrontou constantemente os interesses reais deste grupo, pois embora houvesse uma fachada de devotos zelosos, muitos deles eram hipócritas e opressores. A caminhada de Paulo não foi muito diferente, ele tornou-se perseguidor da igreja de Jesus. Ou seja, a vontade de Paulo era completamente contraria aos planos de Deus. Talvez esse tenha sido o maior exemplo e a lição que Paulo tomou sobre reconhecer os planos de Deus a despeito de suas vontades.
Ao meio-dia, ó rei, indo eu caminho fora, vi uma luz no céu, mais resplandecente que o sol, que brilhou ao redor de mim e dos que iam comigo. E, caindo todos nós por terra, ouvi uma voz que me falava em língua hebraica: Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa é recalcitrares contra os aguilhões. Então, eu perguntei: Quem és tu, Senhor? Ao que o Senhor respondeu: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Mas levanta-te e firma-te sobre teus pés, porque por isto te apareci, para te constituir ministro e testemunha, tanto das coisas em que me viste como daquelas pelas quais te aparecerei ainda, livrando-te do povo e dos gentios, para os quais eu te envio, para lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam eles remissão de pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim. At 26:13-18
"Dura coisa é recalcitrares contra os aguilhões." Isso foi o que Jesus falou para Paulo. Dura coisa é tentar se debater e se opor à vontade Deus, aos planos do Senhor. Parece que é isso que precisamos ouvir na nossa sociedade, numa geração hedonista e egoísta, precisamos ouvir a voz de Jesus que nos diz - DURA COISA É LEVANTAR-SE CONTRA A VONTADE DE DEUS.

terça-feira, 6 de março de 2012

Mente renovada e corpo consagrado, o desafio da Igreja



Recentemente eu li uma entrevista da revista Ultimato com o bispo Robison Cavalcantti, realizada no ano de 1985, e ele dizia o seguinte: “Não precisaríamos de dez milhões (de evangélicos) para influenciar. O mundo é de minorias organizadas, mas com minorias desorganizadas fica difícil.” Hoje somos quase 30 milhões de evangélicos e qual a contribuição que temos dado a nossa sociedade? Eu acredito que ela exista, mas está muito aquém do potencial que existe na Igreja de Jesus.

Enfrentamos diversos desafios nos quatros cantos do Brasil, estes problemas vão desde o alto grau de corrupção na nossa sociedade que alcança todos os setores e não apenas o político, e que desemboca numa terrível crise moral, na qual os valores se tornam abstratos e relativos em excesso para discernimos o certo do errado, o que é virtuoso daquilo que é desonesto e vexatório. A injustiça social continua enorme e os problemas estruturais de nossas cidades parecem intermináveis. Inclusive a abundância de nossos recursos naturais parecem ameaçadas e cada vez mais distantes do povo. Nós poderíamos continuar aqui relatando tantos outros problemas graves, mas o que me veio a mente foi como a Igreja pode responder frente a estes desafios que estão diante de nós.

Nós temos duas opções diante de nós. A primeira que não me parece nada cristã seria ignorar esses desafios, conformar-se a essa situação e procurar viver nossas vidas alienados aos problemas sociais que nos cercam, procurando garantir o nosso conforto indiferente a dor do outro. A segunda opção, que me parece mais interessante e genuinamente cristã é aquela que eu gostaria de apresentar aos irmãos e encorajá-los. Vejamos como a igreja primitiva enfrentou os desafios de sua geração.

Eu gostaria de compartilhar dois textos bíblicos, escrito pelo mesmo autor, o apóstolo Paulo:

1)    O primeiro texto é escrito para uma igreja nova, recente, e após 10 anos de ministério missionário Paulo procura encorajar essa comunidade que ele não conhecia pessoalmente, mas da qual já ouvira falar muito bem (por Áquila e Priscila).
“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Romanos 12:1-2
Após fazer uma exposição teológica sobre a obra de redenção de Jesus Cristo e a nova vida que encontramos nEle, o autor passa a mostrar como essa nova vida aponta para responsabilidades sociais, para com a promoção do reino de Deus e o confronto do mesmo frente ao reino parasita das trevas que tenta boicotar o governo de Deus.

Existe uma tensão de valores e propósito de vida. Essa tensão tem início na cosmovisão do sujeito e esta é determinada pela forma com a qual nos relacionamos com o Criador, como filhos obedientes ou como rebeldes.

E aqui a convocação, ou súplica de Paulo, é para que nós cristãos não nos sucumbamos frente aos padrões de um mundo anti-Deus, de um mundo sobre a influência de satanás que promove o mal e corrompe a imagem de Deus no homem. O que é bem característico do diabo que veio “roubar, matar e destruir” a imagem de Deus na humanidade, que foi criada a semelhança do seu Criador e incumbida da responsabilidade de governar (cuidar) e dominar (desenvolver) toda criação de Deus.

A forma que a Palavra de Deus nos apresenta para resistir o mal, em todas as suas facetas que se apresentam a nós passa necessariamente por duas experiências, que devem ser repetidas quantas vezes necessárias e por que não diariamente: o arrependimento e a consagração.

O arrependimento envolve mudança de mente, perceber o mal e abandoná-lo. E ao mesmo tempo ele é a plataforma para que brote a consagração, a dedicação de tudo o que somos a Deus, um verdadeiro sacrifício, que envolve tanto o nosso intelecto quanto o nosso corpo, tudo o que somos, todas as nossas faculdades.

Muitas vezes pensamos em arrependimento e consagração apenas como uma atitude individual para a salvação. Mas parece que o que Paulo está nos comunicado é maior que isso, começa com um sentimento de pertencimento ao reino de Deus e desemboca com a promoção deste Reino, começa com uma experiência individual e desemboca numa vida comunitária rica e transformadora. Pelo menos é isso que o apóstolo está comunicando no restante da carta.
“Irmãos, precisamos nos arrepender mais e nos conformar menos.”
2)    O segundo texto que me desperta a atenção foi escrito 10 anos após a carta aos romanos, e foi dirigida para um indivíduo apenas, seu discípulo Timóteo.
“Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, pela vontade de Deus, de conformidade com a promessa da vida que está em Cristo Jesus, ao amado filho Timóteo, graça, misericórdia e paz, da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Senhor.
Dou graças a Deus, a quem, desde os meus antepassados, sirvo com consciência pura, porque, sem cessar, me lembro de ti nas minhas orações, noite e dia.
Lembrado das tuas lágrimas, estou ansioso por ver-te, para que eu transborde de alegria pela recordação que guardo de tua fé sem fingimento, a mesma que, primeiramente, habitou em tua avó Lóide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também, em ti.
Por esta razão, pois, te admoesto que reavives o dom de Deus que há em ti pela imposição das minhas mãos.
Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação.
Não te envergonhes, portanto, do testemunho de nosso Senhor, nem do seu encarcerado, que sou eu; pelo contrário, participa comigo dos sofrimentos, a favor do evangelho, segundo o poder de Deus, que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos, e manifestada, agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho, para o qual eu fui designado pregador, apóstolo e mestre e, por isso, estou sofrendo estas coisas; todavia, não me envergonho, porque sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia.” II Timóteo 1:1-12.
Este é um texto muito dramático. Paulo está vendo a sua morte e ao mesmo tempo tem o desafio de encorajar o seu “filho” Timóteo, para que ele não fraqueje frente aos desafios que estão diante dele. A intenção é que o exemplo de Paulo lhe sirva de coragem e esperança.

E aqui tem dois detalhes que eu gostaria de atentar com os irmãos. O primeiro é que Timóteo tinha uma vocação conhecida e experimentada anteriormente, Paulo relembra o seu discípulo o “dom” que este havia recebido anteriormente. Tudo leva a crer que este dom estava relacionado ao pastorado e ensino. E o segundo detalhe que me chama a atenção é que para o exercício de sua vocação, Deus não havia deixado Timóteo (e todos os seus filhos) destituído (s) de capacitação para tal. Paulo afirma em auto e bom som que Deus concedeu aos seus filhos coragem, poder, amor e equilíbrio (moderação) para que vivam de modo digna do evangelho, ou seja, que a nossa vida seja coerente com os valores que encontramos e experimentamos no reino de Deus.

O ensino de Paulo está em conformidade com o ensino de Jesus. Ele disse que enviaria um Consolador, o Espírito Santo, que concederia poder e autoridade para seus discípulos promoverem as mesmas obras que Ele havia realizado.

O que eu gostaria de realçar aqui irmãos é que nos falta mais coragem. Não que ela esteja ausente de nossas comunidades, mas que precisamos ser mais atrevidos para anunciar o evangelho, se opor a injustiça, compartilhar nossos valores e ideais. Não podemos nos sucumbir e ser amedrontados, pelo contrário, precisamos resistir e se opor ao mal. As Escrituras estão cheias de advertências para não temermos, e Jesus acrescenta dizendo: tende bom ânimo! Vocês enfrentarão oposições, aflições e ameaças, mas não se acovardem. Eu venci o mundo!

Irmãos, a situação que a igreja primitiva vivia não era muito diferente da nossa. Imagine uma sociedade pagã (politeísta), com padrões morais questionáveis, violenta, com imoralidade sexual de tudo quanto a tipo, com miséria e toda forma de injustiça (incluindo escravidão). A situação que vivemos hoje não difere tanto assim, talvez nós sejamos capazes de promover o mal com mais velocidade e amplitude que as gerações anteriores, e talvez sejamos mais culpados por termos o evangelho exposto na nossa sociedade. A igreja primitiva enfrentou esses mesmos desafios. Eles conseguiram se arrepender e se consagrar a Deus numa sociedade tão perversa quanto a nossa. Eles foram corajosos mesmo sendo minoria. 

Por fim, eu gostaria de lembrar que a igreja não tem um fim em si mesma. E aí está um desafio grande para nós cristãos. A igreja é um lugar de ter comunhão, fortalecer a fé e de formação dos mais novos (a juventude e os novos convertidos). A nossa missão está fora dos templos. Ela se encontra em nossos lares, no trabalho de cada um, no exercício da cidadania, na produção de cultura, no trato com o meio ambiente e assim por diante.

Que o Senhor nos ajude a cumprir a nossa vocação de maneira honesta e que toda a Criação se beneficie com isso, como diz Paulo, que toda a Criação veja a revelação (o posicionamento) dos filhos de Deus frente a um mundo em desordem por conta do mal.